Monday, March 07, 2005

Deus e Linguagem

(O que se segue é uma resposta editada a um inquiridor sobre o tópico.)

Brevemente, minha posição é que a linguagem é sempre adequada para expressar algo -- o problema é se a mente pode concebê-la. Se você pensa em algo, você pode sempre designar algum sinal arbitrário para representar esse algo. Assim, em princípio, você pode usar X para representar o conteúdo de um livro inteiro. Não há nada inerentemente contraditório ou impossível a isto. Segue-se, que a própria linguagem sempre é adequada para dizer algo sobre Deus -- eu estou certo de que Deus sempre sabe como verbalizar algo sobre Si mesmo. Novamente, se "X" é linguagem, e pode representar qualquer pensamento, então, a limitação está na mente da pessoa, e não na própria linguagem. Dessa forma, eu não digo que sempre podemos pensar tudo sobre Deus (Ele é "incompreensível"), mas que podemos pensar, podemos dizer algo dEle. Quanto à linguagem positiva e negativa sobre Deus, há aqueles que insistem que pelo menos algumas coisas sobre Deus podem ser expressas somente em linguagem negativa. Contudo, até aqui parece que eu posso facilmente transformar numa linguagem positiva qualquer exemplo que eles dêem para apoiar esta asserção. Por exemplo, até mesmo Sproul disse certa vez que, dizer que Deus é "imutável" é linguagem negativa, que, visto que somos humanos, sabemos somente o que "mutável" significa, e que Deus não é "mutável", de forma que é impossível expressar este atributo divino em linguagem positiva. Isto foi um descuido terrível dele -- o que dizer sobre, "Deus permanece sempre o mesmo"?! Isto é linguagem positiva, e nós sabemos o que significa. Algumas pessoas podem pensar que soa mais piedoso e reverente dizer o que não podemos falar sobre Deus em termos positivos, mas eu mantenho que isto é falso e desnecessário, tanto biblicamente como filosoficamente.


Relacionados:

1. Vincent Cheung, Systematic Theology (PDF version), p. 44, fn. #45.

2. Vincent Cheung, Prayer and Revelation (PDF version), p. 21.

3. Gordon Clark, Religion, Reason, and Revelation. (Este livros é agora parte da Filosofia Cristã; porções dele tratam com a linguagem religiosa.)

4. Gordon Clark, Language and Theology.


Vincent Cheung
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Sunday, March 06, 2005

Resposta de Cheung à minha pergunta sobre a palavra "revelação" de 1 Coríntios 14:30 e sua relação com "iluminação" de Efésios 1:17-18.


Eu não tenho olhado para esta passagem há um bom tempo, então, precisaria revisá-la e a literatura relevante, se eu fosse dar uma resposta definitiva. Eu faria isso se fosse para escrever sobre a passagem.

Dito isto, penso que o contexto favorece o significado de que ela é uma revelação especial do Espírito. Eu tenho lido ambas as interpretações a partir dos escritores reformados ortodoxos, mas o contexto realmente demanda, penso eu, uma revelação antes do que uma iluminação. E "revelação" relacionada com "profecia".

Eu não diria "inspirada" para evitar confusão com revelação num nível escriturístico/apostólico, mas eu diria que é uma revelação especial do Espírito. Esta é uma distinção legítima, visto que, mesmo nos tempos bíblicos, nem todas as profecias verdadeiras foram contadas como parte da Escritura.

Além disso, isto não diz nada acerca do que ela significa dentro do contexto do que Paulo está tentando passar aos Coríntios, e ela não nos diz automaticamente como aplicar a passagem para as nossas igrejas hoje, ou se a mesma coisa acontece em nossas igrejas hoje. Estas são questões separadas.

Assim, o fato de que eu favoreço este significado para a palavra não significa que eu concorde com a forma como os carismáticos a usam. De fato, eu diria que, mesmo se este verso implicasse que devemos ter profecias reveladas espontâneas em nossas igrejas hoje, isso NÃO é praticável nas igrejas carismáticas, visto que eles não conhecem a verdadeira doutrina, não podem julgar a falsa doutrina, e eles tomam quase tudo como inspiração, etc. Em outras palavras, embora eu creia que a palavra se refira a algum tipo de "revelação", isto não significa que eu necessariamente infira a partir disto o que outros inferem.

Apenas para assegurar, eu folheei rapidamente os comentários de Calvino de 1 Coríntios 12 a 14. Oxalá ele fosse mais claro sobre profecia, mas parece que minha posição pelo menos não contradiz a dele.

Então, eu verifiquei Matthew Henry, mas somente 1 Coríntios 14. Henry é muito mais claro, e sua interpretação concorda com a minha. De fato, ele diz algumas outras coisas que concordam com o que eu penso, assim, eu recomendaria a leitura de seus comentários sobre esta passagem se você quiser um pouco mais de detalhes sobre o que eu penso. Mas ele vai até o ponto de usar o termo "inspiração divina", que mostra que ele concorda que seja "revelação", mas eu hesito em usar este termo aqui.

Vincent Cheung

Resposta de Cheung à minha pergunta sobre Pentecostalismo


Não, eu não tenho nada escrito diretamente sobre Pentecostalismo, ainda. A obra mais relevante que eu escrevi até aqui é Biblical Healing [Cura Bíblica].

Visto que eu sou contra quase tudo o que os pentecostais e carismáticos crêem, eu nunca me caracterizaria como um pentecostal ou carismático. Contudo, nem sou um cessacionista absoluto, porque eu creio que Deus ainda faz o que Ele quer, e algumas vezes Ele pode decidir fazer coisas que estão fora do ordinário, incluindo curas e outros "milagres", frequentemente em resposta à oração. Isto é apenas uma aplicação consistente da doutrina da soberania divina. Eu creio que isto é consistente com o pensamento reformado predominante e histórico em princípio. Eu digo "em princípio" porque muitos reformados que dizem as mesmas coisas que eu digo aqui, pregam e se comportam como se Deus agora se recusasse a fazer algo fora do ordinário. Mas não há evidência bíblica para proibir Deus de fazer certas coisas hoje. Ou, eles dizem que Deus ainda pode fazer o que Ele quiser, mas que Ele não mais deseja fazer coisas extraordinárias. Mas, nem para isto há evidência bíblica, exceto por inferências forçadas e inválidas que são algumas vezes apresentadas. De fato, algumas pessoas (talvez intencionalmente) pregam e se comportam como se este mundo tivesse se tornando um mundo deísta após os apóstolos. Em alguns casos, isto pode ser uma super-reação ao excesso carismático, mas seja qual for a razão, ela é anti-bíblica.

Antes, devemos afirmar que Deus é livre para fazer o que Ele quiser hoje como no passado, incluindo coisas extraordinárias. Agora, quão freqüentemente Ele escolhe fazer estas coisas extraordinárias é outra questão, mas eu não diria que Ele nunca mais as realiza. Esta é a minha posição básica, pelo menos com respeito ao cessacionismo vs. continualismo.

Talvez eu escreva algo diretamente sobre o Pentecostalismo no futuro, incluindo línguas, batismo no Espírito, etc.

Por enquanto, obrigado por seu esforço contínuo em traduzir meus materiais.

Vincent Cheung
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Reprovação Ativa vs. Passiva

Alguém me enviou uma pergunta sobre reprovação ativa vs. reprovação passiva. O que segue abaixo é parte da minha resposta juntamente com leituras recomendadas:

O motivo (da reprovação passiva), certamente, é distanciar Deus do contato ou envolvimento direto com o mal e, mesmo assim, manter o controle de Deus sobre o mal de alguma forma. Muitos escritores reformados modernos cometem este erro. Como eu mostrei no meu Comentário sobre Efésios, reformadores tais como Lutero e Calvino deram grandes indicações e, algumas vezes, até mesmo afirmações diretas de que a reprovação deve ser ativa, mas até mesmo eles nem sempre foram consistentes, visto que o motivo para "exonerar" ou "escusar" Deus ainda estava presente muitas vezes. Minha objeção, em resumo, é que é biblicamete errado e metafisicamente impossível distanciar Deus do mal dessa forma. Isto é deísmo implícito.
Leituras recomendadas:

Vincent Cheung, Commentary on Ephesians.

Vincent Cheung, "The Problem of Evil." [Tradução]

Gordon Clark, God and Evil.

Jay Adams, The Grand Demonstration.



Vincent Cheung
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Evangelismo e Contradições "Aparentes"

Uma das coisas que eu mais fortemente discordo de muitos escritores reformados é a idéia de que há uma "antinomia" ou a assim chamada contradição aparente entre a soberania divina e a responsabilidade humana - não há tal contradição aparente. Packer comete este engano no seu livro sobre evangelismo. Como Lutero também aponta em seu O Cativeiro da Vontade, as pessoas criam contradições onde não há nenhuma. Chamá-la de contradição "aparente" não melhora nada, se ela é, antes de mais nada, totalmente imaginária. Os escritores reformados deveriam ser mais cuidadosos sobre isto.

Relacionados: Commentary on Ephesians.

Vincent Cheung
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Saturday, March 05, 2005

Criação do Blog Monergismo

Este Blog tem como objetivo dar informações adicionais sobre as atualizações do site Monergismo.com e outros assuntos relacionados ao site, com por exemplo, próximas traduções, política de uso dos artigos, inscrição de voluntários, etc.

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Felipe Sabino
Monergismo.com